segunda-feira, 4 de abril de 2011

Carta aberta ao Bastonário da Ordem dos Advogados



Meu Caro Marinho (nem sabia que eras Pinto, imagina tu!)

Confesso que, se fosse advogado, na tua última candidatura não sei se votaria em ti para bastonário da Ordem dos Advogados (OA), mas nos teus opositores (os que têm as pastas, que estão agarrados ao osso e não o largam para ninguém) é que eu não votaria certamente.
Caríssimo, sabes que anda para aí muita gente lixada contigo depois da recente alteração à taxa de inscrição na Ordem, aplicável àqueles que já o haviam feito aquando da candidatura.
Diz lá meu caro, foi uma vingançazita por teres sido obrigado a admiti-los depois daquela catrefada de Acórdãos do STA, não?
Nem imaginarias certamente que “os filhos de Bolonha” te tivessem feito engolir uns sapitos pois não?
E vai daí, pumba (“eu é que sou o Presidente”), alteração estatutária que é para aprenderem a não se meterem com um transmontano dos quatro costados.
Mas atenta Marinho, a partir de agora, convém que não facilites nos descampados, porque a matilha (a tal que não larga o osso e os que tiveram que virar os bolsos do avesso a meio do percurso) não te perdoará a imprudência da facada extemporânea...

Mas isso não me impede de torcer por ti na próxima eleição para Bastonário porque entretanto pretendo fazer o estágio e porque tu vais ao terceiro, certo?, a não ser que os actuais detractores formem uma “Nova Ordem” e aí ser confrontado com a dúvida; votar numa instituição lúgubre, arcaica e tenebrosa (que tu por certo neste 2º mandato irás alterar) ou noutra pejada de Playstations, Nintendo 64, X boxes, blackberry’s, videogravadores, mesas de mistura, computadores última geração, chatrooms e Internet?
Desejo, claro, que ganhes, pois sou da velha guarda e sobretudo porque:
1 - és um "velho" compincha e um colega de curso protege-se sempre, a não ser que não seja um Justo qualquer;
2 - sei que dizes o que pensas (mesmo que, algumas vezes, não penses o que dizes nem digas o que seria de ouvir);
3 - te não deixaste hipotecar profissionalmente à advocacia e continuas a praticar o jornalismo no Notícias e no Expresso não é?,. É que, por mais que não seja, vais matando o vício e só cá para nós; dá sempre jeito enorme arrear umas mocadas em certos macambúzios através dos jornais porque assim não há a possibilidade de levar com umas bocas em directo como na TVI, é que um homem por muita coragem, humildade e retórica que possua fica um bocado desasado com determinadas afrontas.
Estou seguro que mesmo que te candidates a um 3º mandato, nunca serás eleitoralmente trucidado pelo "establishment".
Tu não és de ter medo, e sendo certo que a parte dos advogados que irão às urnas e que aspiram à mordomia corporativa, mais depressa votarão nos instalados do que no "desinstalador", certo será que irão confrontar-se com o arrojo e o voluntarismo do teu "combate".
E isso é o bastante para eu te desejar que até lá nada te aconteça.
Nunca fiques afónico, nunca permitas algo que justifique novamente o uso de bengala.

Aquele abraço,
Força, camarada! ;)

PS: A grande percentagem de chumbos que se verificam actualmente nos cursos de direito nada têm a vêr com eventual influência tua pois não? não é que me assalte a dúvida, longe de mim colocar em causa a tua honorabilidade e o teu sentido de dever, a tua seriedade está acima de tudo, mas é que já andam por aí umas bocas em surdina e sendo os professores “ante” e “pós” Bolonha os mesmos!, e não sendo a culpa dos professores…
Bem, tenho para mim que tudo tem a vêr com as capacidades desta dita geração “à rasca” o que até dá um certo jeito às depauperadas economias das Universidades após o corte das subvenções (é que são mais recursos, mais matrículas, etc.).

PS 2: Como certamente saberás, na comemoração do XXV aniversário da fundação, em 1951, a Ordem dos Advogados foi condecorada, em sessão solene presidida pelo Presidente da República de então, com o Grande Oficialato da Ordem de São Tiago de Espada. E porque a Presidência da República detém o exclusivo da patente e ouvi dizer que o stock é limitado, no caso de não voltares a candidatar-te e como justamente aspiras a ser reconhecido pelos teus méritos literários, científicos e artísticos era a altura de começares seriamente a pensar em contactar a Presidência não vá o diabo tecê-las e quando chegar o Natal já não tenhas direito a prenda natalícia apropriada.

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