Já passaram alguns dias, mas contudo, não poderia deixar de aqui plasmar algumas considerações sobre o que adjectivo de aventura extraordinária, repleta de imponderáveis, tendo sido de facto uma experiência única aquela que conjuntamente com mais 41 formandos oriundos das Universidades do Porto, Algarve e Oviedo sob a tutela de 8 eminentes docentes dessas Universidades pude realizar a bordo do Navio-Escola "Creoula" e que jamais esquecerei.
Sendo que o Diário de Bordo ficará para outra guerra, começo por exprimir o meu triste lamento acerca do transporte que levou a malta do Norte ao encontro dos colegas provindos da Universidade do Algarve e da Universidade de Oviedo, em hora previamente definida, na Base Naval do Alfeite, que se situa da banda de lá do Rio Tejo.
Pontuais como Britânicos (ou chineses?), lá nos juntamos à horinha aprazada (antecipadamente até), ali mesmo em frente à Câmara Municipal do Porto, aguardando por um autocarro daqueles de classe executiva (com W.C. e tudo), enquanto verdadeiros legitimários de D. Afonso Henriques e assim que este nos permitisse irromper em Lisboa com verdadeira "pompa e circunstância".
Treta...isso mesmo, treta. Tocou-nos um daqueles autocarros quase do meio do século passado, com ar condicionado inovador, ou seja, a água escorria directamente do tecto para as nossas cachimónias, sendo que para colorir mais o quadro, ao volante desta verdadeira relíquia se apresentou uma não menos caricata figura, um verdadeiro artista, com o cabelo empastado de gel, uns valentes "raybantes nas trombas", camisa aberta mostrando o "verdadeiro" cordão de oiro com cruz a condizer, exibindo toda a penugem, agasalhado com uma daquelas modernas camisas rosa choque apinhada de flores (para impressionar as catraias) e empunhando um não menos arcaico GPS com o qual demonstrou patavina (não o sabia manusear).
Chegados a Lisboa (trânsito infernal) e após bastante tempo de atraso, lá chegamos à Base do Alfeite, cheiinhos de fome.
Foram-nos mostrados os nossos aposentos (que mais tarde deram para recordar e de que adiante falarei), e só depois é que nos convidaram então para o famigerado jantar.
Depois de um começo de alguma forma desagradável, surpresa das surpresas... imaginem só, que para além do "Oficial de Dia, Cadetes, Sargentos e Praças", onde se destacava um oficial ((femea), de se lhe tirar o chapeu), a darem-nos as boas-vindas, tivemos direito a recepção arbitral e tudo.
Então não é que que quando entrámos naquele salão enorme e majestoso, apinhado de memórias de antigos e grandes Comandantes da Marinha, de armas e brasões assinalados, não nos deparamos com a maior comitiva jamais reunida num só espaço de "amigos do alheio"?, perdão... digníssimos Juízes de futebol e seus acólitos... perdão novamente, Juízes de campo e seus digníssimos auxiliares. Pasmem...todos juntinhos, enfardando comida como verdadeiros lateiros. Pois é... estavam lá para treinarem com os seus auxiliares os famosos intercomunicadores. Pois eu acho que era sim treino ao físico, pois não saíam do refeitório.
Mas bem... o melhor da coisa foi de facto a comida (simplesmente deliciosa).
Após o jantar, dirigimo-nos ao bar dos oficiais para um café curto (acho que para aquelas bandas não se chama assim, porque nunca mais era-mos servidos, imaginem se o pedisse-mos cheio) e um digestivo, mas foi tal a demora (devido ao atascamento pelos homens vestidos de negro, vulgo, árbitros), que juntos, e aí já acompanhados pelo pessoal do Algarve (espectaculares), e pelos "Nuestros Hermanos" (estes assim, assim), rumamos em direcção ao bar de praças onde conjuntamente com um Sr. Sargento de serviço (estava lá, vá-se lá saber porquê!!!), poucos se safaram de um terno e litroso "engarrafamento", isto devido não só aos preços extremamente reduzidos, às rodadas que apareciam de vários ângulos, mas também porque o Sol por aqueles lados demora mais a pôr-se e o calor mesmo de noite dá cá uma secura que nem vos conto.
O dia acabou bem pela manhã dentro e depois é que foram elas…
Chegados às camaratas e com o peso na “consciência” que todos transportávamos foi um pouco complicado o adormecer, não só devido à rotação das camas, mas também e curiosamente (um fenómeno inexplicável, até porque não se tratava de uma camarata mista), as camas faziam uma chiadeira terrível, o que naturalmente provocava uma explosão de gargalhadas intermináveis, por entre piadas jocosas e cavernosas de alguns mais espirituosos entre os quais eu naturalmente me incluía.
Chegados às camaratas e com o peso na “consciência” que todos transportávamos foi um pouco complicado o adormecer, não só devido à rotação das camas, mas também e curiosamente (um fenómeno inexplicável, até porque não se tratava de uma camarata mista), as camas faziam uma chiadeira terrível, o que naturalmente provocava uma explosão de gargalhadas intermináveis, por entre piadas jocosas e cavernosas de alguns mais espirituosos entre os quais eu naturalmente me incluía.
A aventura continua...